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14 outubro 2006

Muvuca e malandragem? Tô fora...

Está ai um dos motivos pelos quais eu sou como sou, bem sossegado e na minha, e às vezes até um pouco "anti-social"... Mas também, com uma "sociedade" destas!

Encontrei o relato abaixo em outro blog, e estou reproduzindo a fim de divulgar essa bandidagem que acontece nas ruas de SP, travestida de "prestação de serviços" chamada de flanelinhas.

(abre aspas)
Ter que esperar QUATRO mulheres ficarem prontas era só o prefácio da noite que me aguardava. Programação de sábado à noite: show do Jotaquesti.

Calma, não ria ainda, porque o show em si não foi o pior acontecimento da noite. Foi ruim, claro, mas longe de ser o episódio que marcou a noitada. Para ser honesto, o show nem doeu tanto assim. Não sei se porque passei metade dele sentado no saguão bebendo e batendo papo, ou se porque depois do que rolou ANTES do show, nem trinta Flausinos conseguiriam me tirar do sério.

Minha irritação maior vinha dos 90 paus que tive que pagar para parar o carro. E eu não estava puto por causa do dinheiro: estava puto porque fiz o maior papel de otário. Senta que lá vem história...

Subestimei a banda mineira ainda na marginal, onde o trânsito parou já na Ponte Transamérica.

- Olha o trânsito que está para ver o show! — disse uma das meninas.
- Gente, pára. Não é possível, vamos ser razoáveis — ponderei. — Esse trânsito todo não pode ser para ver essa banda, eles não tem tanta moral assim. É sábado à noite, estamos em São Paulo, trânsito é normal.

Bom, o trânsito ERA por causa do show, sim. Fiquei besta. Atrasados, começou a preocupação. Primeira marcha, segunda, freio. Primeira, freio. Freio, freio, freio. Vocês sabem bem.

A previsão para o início da coisa era 22h00, dez minutos antes do horário em que chegamos ao portão principal do Credicard Hall e descobrimos que já não havia vagas no estacionamento, o que nos obrigava a procurar lugar para estacionar nas proximidades. E os minutos correndo.

Um flanelinha oferecia uma vaga razoavelmente próxima. Para não perder mais tempo, decidimos parar ali mesmo, o que foi nosso primeiro erro.

- Pagamento adiantado, 20 reais - me extorquiu o safado.

Espere, não ligue ainda, pois o erro não foi ter pago VINTE REAIS para parar o carro em via pública. O erro foi ter dado uma nota de 50 paus na mão do bandido, que me devolveu 30 reais em notas de cinco, TODAS FALSAS.

Podia ter ficado quieto, como fiquei nos próximos 20 ou 30 passos, mas não tenho sangue de barata. Resumo:

- O flanelinha me deu 30 reais em notas falsas - fui abrindo o jogo com a galera.
- Vamos voltar lá! - foi o consenso.

Eu só queria voltar para tirar o carro de lá, porque, entenda, eu tinha dúvidas. Voltar pra pegar o dinheiro de volta e ter o carro “visado”? Arrumar uma confusão com os canalhas e deixar o carro na rua, na mão da bandidagem? Sim, são bandidos, CRIMINOSOS, ou você acha que gente que distribui dinheiro falso é o que? Por mim, o prejuízo ficaria nos 30 reais e “vambora ver o show”.

Mas a mulherada se indignou e bolou um plano. Um plano tão simples quanto ingênuo: eu pegaria 20 reais trocados, levaria ao criminoso, alegando que “achei trocado, me devolve a nota de 50″. Topei a maluquice, mas não faria a negociação. Meu sangue estava fervendo e era melhor eu manter a boca fechada (precisava manter um ar de calma pra não estragar a balada das moças, oh).

Voltamos. O filho da puta se mostrou surpreso e foi ainda mais cruel e irônico:

- Tá bom, se vocês preferem assim… Boa sorte!

Pegou os 20 e nos entregou uma nota de 50 reais. FALSA. Comigo não há miséria em se tratando das coisas darem errado.

Um instante depois, me senti aliviado por não andar armado. Pela primeira vez na vida percebi como é possível dar um tiro num desconhecido. Ou seis, ou treze. Alívio também por eu estar com quatro mulheres, pois se fossem homens me acompanhando ia dar merda. Com certeza ia dar merda. Por três segundos, pensei na segurança das meninas. E nas crianças lá em casa, que não merecem ficar órfãs. Deixei por isso mesmo.

Calcule comigo: 50 da primeira vez + 20 da segunda = 70 reais. É o otário bancando a cervejinha da bandidagem, minha gente.

Os últimos 20 mangos foram gastos num estacionamento de verdade, 300 metros adiante. Total pra parar o carro: 90 reais. Noventa.

E depois disso tudo, um show do Jotaquesti. Não é mole, não.
(fecha aspas)